quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Por quê Educação? Uma perspectiva biológico-evolutiva

Na evolução, todo animal que é selecionado para continuar povoando o planeta se diferenciou dos outros por que desenvolveu alguma característica ou habilidade que aumentou as suas chances de sobrevivência. Podemos citar como exemplo a visão noturna da coruja, o olfato e audição aguçados do cachorro, a habilidade de caçar dos felinos, o sonar dos morcegos e assim por diante. Pode parecer óbvio, mas se um animal possui uma habilidade que o diferencia dos demais e não a usa ele diminui suas chances de sobrevivência. Se uma coruja não usa a sua visão noturna ela vira um alvo fácil para seus predadores. No caso do ser humano a habilidade que nos diferenciais dos demais animais é a capacidade intelectual.

Capacidade intelectual é a capacidade de um autômato de inferir os padrões com os quais interage e usar tais impressões para aumentar sua capacidade de interação com o ambiente e de assimilação de padrões.

Quando duas ou mais grandezas comprovadamente possuem alta correlação, um padrão se estabelece. Eventualmente duas grandezas podem ter alta correlação, mas se esta não for comprovada não temos um padrão e sim uma coincidência. Sempre que alguém dá cabo a uma coincidência sem antes averiguar se a correlação entre as grandezas é real está agindo contra ao desenvolvimento da humanidade.

Ao conjunto de padrões conhecidos damos o nome de conhecimento e para facilitar a nossa vida, dividimos o conhecimento humano em subgrupos chamados campos do conhecimento. Alguns exemplos de campos do conhecimento são a matemática, história, geografia, física, química, engenharia, economia, medicina e assim por diante.

Sempre que alguém infere um padrão, ele só fará parte do conhecimento humano se o mesmo for compartilhado e a única maneira de fazer isso é através da comunicação. Para se comunicar com outra pessoa é necessário usar uma linguagem. Existem vários tipos de linguagem, mas para simplificar vamos dividi-la em dois grupos: a linguagem objetiva e a linguagem subjetiva.

A linguagem objetiva é precisa, portanto não são admitidos erros de interpretação. Como exemplo, podemos citar a linguagem matemática. Como sugere a própria definição e pode ser facilmente demonstrado, tal linguagem é inerentemente exata e a mensagem transmitida é exatamente a mensagem recebida.

Sempre que alguém utiliza a linguagem objetiva está colaborando para expandir os campos de conhecimentos científicos. Ciência é a atividade de transmissão de padrões em linguagem objetiva.
A linguagem subjetiva é imprecisa, portanto existe uma perda entre a mensagem transmitida e a mensagem interpretada. Como exemplo, podemos citar as linguagens visuais e auditivas. Como sugere a própria definição e pode ser facilmente demonstrado, tais linguagens são inerentemente passíveis de interpretações diversas. Também são conhecidas como linguagens não-matemáticas.

Sempre que alguém utiliza a linguagem subjetiva está colaborando para expandir os campos de conhecimentos artísticos. Arte é a atividade de transmissão de padrões em linguagem subjetiva.

Como comprovado anteriormente, a vida para os seres humanos não faz sentido sem que se utilize a capacidade intelectual, e as duas formas válidas de usar a capacidade intelectual são através do estudo das ciências e das artes. Pois bem, é na escola em que as crianças e jovens tem contato com os campos de conhecimento científicos e artísticos, portanto podemos concluir:

“A vida não faz sentido sem uma Educação Básica de qualidade.”

Agora com o intuito de testar a validade desta afirmação, vamos fazer um exercício mental e ver o que acontece com quem não possui uma educação básica de qualidade.

A Educação Básica no Brasil consiste da educação infantil, a educação fundamental e o ensino médio. A educação infantil consiste de creches, crianças de 0 a 3 anos; e da pré-escola, crianças de 4 a 5 anos. A educação infantil consiste de nove séries, crianças de 6 a 14 anos. E o Ensino médio consiste de séries, com jovens de 15 a 17 anos. A partir do final do Ensino Básico, os jovens possuem diversas oportunidades de escolha como o ensino profissionalizante, o ensino superior, o empreendedorismo, carreira nas forças armadas, e assim por diante.

Os objetivos do Ensino Básico são a alfabetização, o letramento e a introdução ao estudo dos campos de conhecimentos básicos como língua portuguesa, matemática, física, química, história, geografia, artes e esportes.

Uma vez que uma criança não tenha acesso a um ensino básico de qualidade resultará num adulto com deficiências de aprendizado nestas áreas, vamos a alguns exemplos das possíveis conseqüências:

Um adulto que não tenha sido alfabetizado não é capaz de sozinho fazer tarefas simples como operar um aparelho micro-ondas, fazer uma ligação telefônica, fazer o sinal para o ônibus certo parar.

Um adulto que mesmo alfabetizado, mas iletrado não será capaz de exprimir suas idéias de forma clara, tampouco entender as idéias que lhe são passadas.

Um adulto que teve deficiência de aprendizado em matemática precisará usar uma calculadora para somar dois mais três antes de pagar uma conta, e mesmo assim correrá o risco de ser enganado por um feirante.

Um adulto que nunca tenha praticado esporte dificilmente entenderá que tanto na vida, aquele que mais se dedica vencerá. Um adulto que nunca tenha praticado esportes coletivos dificilmente entenderá que para um time vencer é preciso ter espírito de equipe, que é normal que cada um tenha uma função diferente, e se todos fizerem bem a sua função a equipe toda atinge o objetivo comum.

Um adulto que nunca tenha tido acesso à arte, como ouvir música de boa qualidade, ler os clássicos da literatura e ver quadros que foram eternizados no decorrer da história, nunca abrirá sua percepção para as verdades da vida, só aprenderá o que sentir na própria pele.

Resumindo, uma criança que não tiver acesso a um ensino básico de qualidade não será capaz de interagir com os outros e com o meio onde se encontra. Um ser humano que possua perfeitas condições de interagir com as outras e com o meio, mas não o faz não passa de um fardo para a sociedade, biológico-evolutivamente sua vida não faz sentido. Conforme queríamos demonstrar.

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