quinta-feira, 17 de novembro de 2011

1 mês de vida

Neste feriado o Só a Educação Salva o Brasil completou um mês de vida. Até agora foram 20 textos publicados, aproximadamente 700 Page Views e algumas poucas pessoas sensibilizadas. Este é só o começo de uma longa jornada de um Brasil melhor. Não deixem de ler o Editorial:

E se vocês concordam com as idéias aqui defendidas, por favor ajudem a divulgar este canal!

Presentes e o peso morto na economia

O ano de 2011 está chegando ao fim, e chegando também estão as festas de fim de ano. Já faz tempo que o sentido religioso do Natal perdeu o sentido para a maioria dos brasileiros. Infelizmente a data deixou de ser apenas uma oportunidade para reunir a família e tornou-se um grande marco comercial. Pinheiros enfeitados, luzes coloridas, meias penduradas na lareira, bonecos de neve e até comer peru na ceia de Natal não passam de tradições importadas de outras culturas e até de outros feriados. A necessidade de se comprar presentes para familiares, amigos, colegas de trabalho e de estudo sobrepõe todas os outros simbolismos originais da data. Acontece que esta imposição gera uma grande perda para a economia. Calma que eu explico.

Vocês já devem ter ouvido falar na lei da oferta e da procura. Numa economia de livre mercado, livre de monopólios ou controle de preços, quem determina o preço de um produto ou serviço são as curvas de oferta e demanda. Simplificando: se muita gente quer comprar uma mercadoria ou serviço e ela está se tornando escassa, o preço sobe; e se pouca gente quer comprar uma mercadoria ou serviço e ela está se tornando saturada no mercado, o preço cai. Nos dois casos o mercado sempre encontra um jeito de achar um ponto de equilíbrio em que todos saem ganhando.

Toda interferência neste equilíbrio gera peso morto (do inglês deadweight loss) na economia. Simplificando: dadas as curvas de oferta e demanda, o dono do cinema consegue determinar um preço da entrada que maximize o seu lucro e de seus concorrentes, ao mesmo tempo, o consumidor também é beneficiado por que se um cinema resolver praticar preços muito altos vai perder freguesia dado o grande número de concorrentes. Resumindo o mercado se auto regula para encontrar um equilíbrio que beneficie fornecedores e consumidores ao mesmo tempo.

Se neste exemplo, o governo determina que os donos de cinema devem cobrar apenas meia entrada de estudantes e idosos, aparentemente este decreto favorecerá estes grupos de consumidores e prejudicará os donos de cinema. Talvez. Mas só a curto prazo. À longo prazo todos sairão perdendo. Neste novo cenário, o dono do cinema vai revisar o preço da entrada do cinema para cima, para não ter prejuízos e ao aumentar o preço da entrada, o número de pessoas que irão ao cinema diminuirá, pois as curvas de oferta e procura buscarão um novo equilíbrio. Um equilíbrio superficial criado por conta da intervenção (meia entrada para estudantes e idosos). Neste exemplo fica bem fácil identificar qual é o peso morto gerado na economia por conta da meia entrada: inflação, pois os preços tiveram que aumentar; menor lucro para os donos de cinemas e menos pessoas assistindo filmes.

É mais do que sabido que a maioria das datas comemorativas que temos hoje foram criadas pelo comércio para arrecadar mais e durante todo o ano: dia dos pais, das mães, crianças, namorados, avôs, avós, aniversários, Páscoa e Natal. Todas estas comemorações foram criadas com uma segunda intenção: que as pessoas comprem produtos, conforme descrito no início deste texto.

No passado, presente era algo que se dava para alguém de bom grado, por exemplo: estava na loja, vi este artigo, lembrei-me de você e acabei te comprando. Hoje em dia, quem possui família grande ou possui muitos amigos se sente na obrigação de comprar presentes em todos as datas comemorativas mencionadas acima. Com a correria de hoje, nem sempre é possível comprar presentes que agradem todo mundo, tanto que a expressão “é só uma lembrancinha” surgiu. 


Meu ponto é que a obrigação de sair comprando presentes a torto e a direito gera uma interferência no mercado, e como toda interferência gera peso morto na economia. Exemplificando: imagine um item de consumo que te interesse, por exemplo um Guiness Book, no entanto o valor percebido deste livro de curiosidades para você seja 20 reais. “Por 20 reais eu compraria um Guiness Book”. Neste caso qual seria a tendência do mercado? Que o preço do Guiness Book chegasse ao valor percebido pelo mercado, o preço de equilíbrio seria bem próximo de 20 reais. Aí vem uma data comemorativa que obriga um amigo seu a te comprar um presente, só que ele não tem muito tempo para ficar pensando num presente para você, ou simplesmente não tem muito jeito para ficar escolhendo presentes para os outros, aí ele lembra que talvez você gostaria de ter um Guiness Book, vai na livraria e paga aproximadamente 100 reais no livro. Vocês percebem que neste caso existem 80 reais de peso morto na economia? Você recebeu um presente de 100 reais por um produto que tem um valor percebido de apenas 20 reais. Teria sido melhor se seu amigo tivesse te dado os 100 reais em dinheiro e você comprasse aquilo que quisesse, com o seu valor percebido das mercadorias, não interferindo na lei da oferta e da procura, não gerando inflação e perda econômica.

Ao invés de gerar pressão inflacionária com presentes que talvez o recebedor nem goste, nem consiga trocar e acabe deixando encostado num canto por que ficou com vergonha de dizer que não gostou, minha proposta é que este dinheiro seja convertido em doações em instituições que invistam na educação, como o Fundo de Bolsas do Instituto Embraer.

Aproveite o espírito do Natal e diga não ao consumismo exacerbado que é incentivado nos dias de hoje. Aplique seu dinheiro em algo que traga algum retorno pra você e para a sociedade. Considere a possibilidade de fazer uma doação para o Fundo Bolsas do Instituo Embraer. Mais detalhes no link abaixo:

http://www.institutoembraer.com.br/

Série Depoimentos

O Só a Educação Salva o Brasil defende que a educação é o principal (se não for o único) meio de transformação social da realidade brasileira. Por isso defendemos que jovens carentes que desejem estudar e se desenvolver tenham esta oportunidade e não desistam no caminho devido os empecilhos financeiros que aparecem. Alinhado com esta idéia, o Só a Educação Salva o Brasil defende iniciativas como o modelo para erradicação da pobreza através de investimentos em educação sugerido pelo Banco Mundial na década de 1990.

Maiores explicações sobre este modelo estão no texto que se encontra no link abaixo:

O Fim da Pobreza

Recentemente foi criado aqui neste blog uma série com depoimentos de jovens que encontram-se ou já passaram por esta situação.

No texto que se encontra no link abaixo, vemos a realidade de um jovem que cursa com dificuldades uma universidade pública:

Uma dura realidade

Já no texto que se encontra no link abaixo temos o depoimento de alguém que passou por estas dificuldades e hoje encontra-se numa posição de destaque no mercado de trabalho, promovendo assim uma transformação na sua realidade e de sua família e tudo graças à dedicação e aos estudos. As identidades dos dois depoimentos foram preservadas.

Sonhos que podemos ter

A mensagem que o Só a Educação Salva o Brasil quer passar aos jovens que estão passando por uma situação parecida é que vejam o exemplo do depoimento acima. E que apesar das dificuldades de agora todo esforço será recompensado. Não desistam que valerá a pena!

Se você está numa situação parecida como a descrita ou passou por dificuldades financeiras durante os estudos mande para este blog o seu depoimento, compartilhe suas experiências.

Uma dura realidade

O Só a Educação Salva o Brasil defende que jovens que precisem trabalhar desde cedo e por conta disso desistem de estudar tenham a mesma oportunidade daqueles que tem. Para aqueles que tem dificuldade financeira, até mesmo cursar uma universidade pública é difícil. Vejam este depoimento de um bolsista do Instituto Embraer (http://www.institutoembraer.com.br/):

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O primeiro semestre da faculdade talvez seja um dos mais difíceis, não pelo conteúdo das disciplinas, mas pela adaptação. Morar em uma cidade diferente, sem sua família, organizar suas contas (e pagá-las no prazo) e comprar sua comida. Você passa a depender de você, e aquele sonho da independência, tão sonhada pela maioria dos adolescentes, se mostra atrelada a uma responsabilidade antes inimaginável. Pra mim não foi diferente, sempre fui muito responsável, mas foi um semestre difícil.

Realmente percebi que é isso que quero pra mim, estou gostando muito da minha Universidade. No primeiro semestre minhas notas foram razoáveis, digo isso por que não chegaram no quanto eu estabeleci como padrão pra mim. Mesmo amando as matérias elas carecem de muito estudo, e era difícil estudar. Não havia foco, estava sempre preocupada com problemas com a casa onde estava morando, ainda tinha medo de São Paulo, ficava correndo atrás de papeladas e tava com vários probleminhas de saúde.

Moro numa casa bem pequena e velhinha, mas é bem próxima da Universidade, o que ajuda muito na questão de organizar e administrar o tempo e também na segurança no caos que é a cidade onde vivo. Nessa casa moram eu e mais dois estudantes, antes eram três, mas uma garota saiu da casa, outra coisa que também trouxe dores de cabeça. Todo o dinheiro é bem contadinho, a parte para alimentação, a da viagem para ver meus pais em alguns finais de semana e a maior parte para moradia. Quando uma das meninas saiu o aluguel e as contas passou a ser dividido em três, ao invés de quatro, e as despesas aumentaram!

De início foi difícil fazer amizades, digo amizades mesmo e não interações com colega de classe. A universidade é lotada de garotas e garotos ricos, que não dão valor ao muito que tem, e normalmente tem muito interesses com as "amizades". Era estranho demais ficar ouvindo as garotas falarem de esmalte para a unha de quarenta dólares e das marcas de sapato que elas compraram na última viagem. 

Me faziam umas perguntas que quando eu contava pra minha família a única coisa que agente podia fazer era rir. Coisas do tipo : "Eu ouvi você dizendo que tá com uns problemas de moradia, vi um apartamento vendendo aqui bem perto por cento e trinta mil, por que você não fala pros seus pai comprarem pra você?", ou "Você gosta tanto desta banda, por que você não foi ao show?". É realmente estranho como as pessoas não entendem o que é não ter dinheiro!

Nesse início de semestre as coisas estão bem melhores pra mim no quesito rotina, estudo para as provas, vou caminhar, ás vezes faço feira, almoço no refeitório da universidade e estudo inglês autonomamente.

Dessa rotina a parte de que aborrece, mas to superando é a parte de estudar inglês sozinha. Durante o semestre passado passei bem apertado e com ajuda da minha mãe pra conseguir juntar, durante cinco meses, quinhentos reais. Esse dinheiro seria pra pagar um semestre de um curso de inglês popular que tem aqui na faculdade, quando cheguei pra me matricular, com os quinhentos reais em mão que juntei, descobri que a apostila custava mais cento e noventa e não pude fazer o curso.

Está aí uma dificuldade de acesso aos estudantes sem recursos. Como competir no mercado de trabalho com um colega de classe que fala cinco idiomas, faz milhares de cursos na área de biológicas e viaja sempre pra reservas ecológicas do mundo todo? Como fazer pra comprar livros que custam mais de duzentos reais, e todos que a biblioteca tem são em inglês... Como estudar assim? Até mesmo estudar em uma universidade pública tem seu preço.

Uma coisa que sempre tenho em mente é que estou procurando forças pra fugir da tal herança social, um conjunto de forças que a sociedade naturalmente te impõe pra você seguir na mesma direção dos seu pais. Meus pais queriam estudar,mas não puderam, eu estou tendo esta chance. Uma pessoa sem grana na faculdade pública é raro, mesmo, talvez as pessoas realmente não entendam isso, a ajuda que recebemos dá a bagagem e a chance pra podermos estar lá, mudando a nossa história e a da nossa família.

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Este depoimento foi um dos motivadores da criação deste blog. É por histórias como esta que o Só a Educação Salva o Brasil defende maior investimento em educação, e de preferência em modelos comprovadamente eficazes como o sugerido pelo Banco Mundial para a erradicação da pobreza através da educação, modelo adotado pelo Fundo de Bolsas do Instituto Embraer.

Se você concorda com estas idéias ajude a divulgar este canal.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Educadores do Brasil – Anália Franco

Educadores do Brasil é uma série de textos que descreve um breve histórico de vida e obra de brasileiros que fizeram a diferença na história da educação no país.
Anália Emília Franco (Anália Franco Bastos após o casamento) (1856-1919) nasceu em Resende – RJ, e mudou-se para São Paulo em 1861. Em 1868, com 15 anos de idade, já ajudava sua mãe, que era professora, em colégios de Guaratinguetá, Jacareí e Arraial de Minas. Em 1872 foi aprovada num Concurso de Câmara, passando a trabalhar oficialmente como assistente de sua mãe. Retoma os estudos em 1877 e em 1878 forma-se professora na Escola Normal Secundária de São Paulo. Em 1888 é nomeada professora pública, após exame prestado. Mas Anália Franco não se restringiu ao magistério.

Quando descobriu que as crianças filhas de escravas estavam a ser encaminhados à Santa Casa de Misericórdia, dado que após a Lei do Ventre Livre (1871) as tornara livres, Anália Franco largou seu cargo de professora na capital e se mudou para o interior com o intuito de socorrer estas crianças abandonadas.

Uma fazendeira ofereceu uma casa para instalar uma escola primária no interior, só que a fazendeira lhe impôs a condição de segregação entre crianças brancas e afro-descendentes com o intuito de evitar promiscuidade para a cessão gratuita do imóvel. Anália considerou aquilo uma afronta e recusou terminantemente. Após este evento voltou para a cidade, alugou uma velha casa, consumindo com essa despesa a metade do seu salário. Como o restante era insuficiente para a alimentação das crianças, não hesitou em ir pessoalmente pedir esmolas para prover as crianças, que referia carinhosamente em seus escritos como os "meus alunos sem mães". Numa folha local anunciou que, ao lado da escola pública, havia um pequeno "abrigo" para as crianças desamparadas. Embora essas práticas chocassem o setor conservador da cidade, Anália obteve o apoio de um grupo de abolicionistas e republicanos.

Desse modo, ao longo do tempo, implantou algumas escolas maternais no interior do estado e na capital paulista, ainda com o apoio do grupo abolicionista e republicano. O seu prestígio no seio do professorado já era grande quando finalmente foi decretada a abolição da escravatura (1888) e a República (1889). O advento dessa nova era encontrou Anália com dois grandes colégios gratuitos para meninas e meninos.

A preocupação de Anália Franco com a educação e profissionalização da mulher teve, também sem sombra de dúvida, um caráter pioneiro. Ao se preocupar com a educação e a profissionalização da mulher, sentiu também a necessidade de criar albergues para as crianças enquanto suas mães trabalhavam. Foi, portanto a primeira educadora a utilizar termos como creches e escolas maternais para denominar suas instituições destinadas à infância.

Pouco depois, com o apoio de vinte senhoras, fundou o instituto educacional que se denominou Associação Feminina Beneficente e Instrutiva. A Associação Feminina mantinha ainda um bazar para a venda dos artefatos produzidos nas suas oficinas.

Em seguida criou várias "Escolas Maternais" e "Escolas Elementares", instalando, com inauguração solene a 25 de janeiro de 1902, o "Liceu Feminino", destinado a instruir e preparar professoras para a direção daquelas escolas, com o curso de dois anos para as professoras de "Escolas Maternais" e de três anos para as de "Escolas Elementares".

O Pensamento da educadora pode ser resumido por certos pressupostos como a valorização da formação do professor de educação infantil, orientado para a busca do desenvolvimento da criança. Anália define a escola maternal não como uma escola no sentido restrito, mas como a transição da família para a escola, uma organização que tem como objetivo a educação dos sentidos, o desenvolvimento intelectual, a aquisição de hábitos e o atendimento das diferenças individuais

Em 1911 recebeu como doação a Chácara Paraíso, 75 alqueires de terra na zona leste de São Paulo. Nesse espaço fundou a Colônia Regeneradora D. Romualdo, aproveitando o casarão, a estrebaria e a antiga senzala, internando ali sob direção feminina, os rapazes mais aptos para a agricultura, a horticultura e outras atividades agropastoris, recolhendo ainda moças desviadas, conseguindo assim regenerar centenas de mulheres. Hoje o casarão abriga uma universidade e a Chácara Paraíso tornou-se um dos bairros mais aconchegantes de São Paulo, o Jardim Anália Franco.

Ao final da vida, Anália Franco constituiu 71 Escolas, 2 albergues, 1 colônia regeneradora para mulheres, 23 asilos para crianças órfãs, 1 Banda Musical Feminina, 1 orquestra, 1 Grupo Dramático, além de oficinas para manufatura em 24 cidades do interior e da capital.

Veio a falecer de gripe espanhola em 1919. Anália Franco tinha como meta a erradicação do analfabetismo, do preconceito, da injustiça; o combate a miséria e a pobreza. Teve uma vida exemplar e sua dedicação à educação e a inclusão social deve ser lembrada e servir de exemplo para todos os paulistanos, paulistas e brasileiros. Segue abaixo duas de suas principais citações:

“Não há vida feliz, individual ou coletiva sem ideal...”
“A verdadeira caridade não é acolher o desprotegido, mas promover-lhe a capacidade de se libertar.”
Anália Franco

Referências
Anália Franco

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Sonhos que podemos ter

O Só a Educação Salva o Brasil defende que jovens que precisem trabalhar desde cedo e por conta disso desistem de estudar tenham a mesma oportunidade daqueles que tem. Alinhado com esta idéia, segue o depoimento de um ex-estudante para reflexão.

Um dia desses eu ouvi uma música que há muito eu não ouvia e que me fez recordar os preparativos para a minha formatura, lá pelo final de 2002. Os colegas estavam preparando uma lista de músicas para tocar no momento que cada um de nós fosse receber o diploma.

Música? Tem isso? Indaguei surpreso, na posição de alguém que pela primeira vez na vida iria a uma cerimônia de formatura e esta seria logo a sua própria.
Na busca por uma música que pudesse resumir o que eu sentia naquele momento que eu estava vivendo, comecei então a relembrar todo o caminho que me conduzira até àquele momento.

Recordei-me que após concluir o segundo grau eu estava conformado com o meu emprego atrás do balcão de uma loja, tentando guardar dinheiro para comprar uma moto, ou quem sabe um fusquinha velho, e esperando o tempo necessário para tirar habilitação para dirigir carreta, seguindo a mesma sina de vários colegas da época, que pegavam a estrada para tentar ganhar a vida e alguns deles acabaram na estrada mesmo perdendo-a.

Um certo dia, lembro como se fosse hoje, no mês de setembro encontrei com minha professora de Língua Portuguesa da 7ª série. Questionadora e instigando-nos a pensar como nos tempos de sala de aula, ela perguntou como andava a vida e, antes mesmo que eu terminasse de responder, ela me pregou um belo sermão. De que não deveríamos aceitar a situação como se fosse um sistema de castas, com um destino traçado e imutável, que haviam várias oportunidades e que deveríamos ir atrás, lutar pelo que é nosso por direito. Aí ela me apontou uma direção, falando de algumas universidades públicas e seus programas de assistência estudantil, mas que uma decisão daquelas exigiria muito esforço e renúncia.

Aquilo me deixou intrigado, conversei com meus pais, operários humildes e de baixa escolaridade, mas de retidão moral e dotados de valores que hoje em dia estão caindo em desuso, e eles me deram o que de melhor eles podiam me dar naquele momento. Apoio.

Alguns meses depois eu estava já arrumando um lugarzinho para o meu colchão no alojamento temporário da moradia estudantil da universidade, esperando a minha vaga. Foi um longo semestre dividindo o mesmo ambiente com 200 pessoas, numa cena que mais parecia um alojamento de desabrigados de uma catástrofe natural. Como eu ficava mais próximo das janelas quebradas, teve dia que acordei com geada sobre o cobertor, até o dia que saiu a vaga na Casa do Estudante Universitário, assim saímos do purgatório e fomos para a CEU, um local que, apesar de sua aparência externa e sua infra-estrutura por vezes precária, era uma fábrica que ajudava a produzir mais de 200 sonhos por ano. Quando imaginava que as dificuldades acabaram, não tinha noção de que elas estavam apenas começando a aparecer.

Mas e a música?
Escolhi “Somos quem podemos ser”, dos Engenheiros do Hawaii.

Por quê?
Porque um dia aquela professora do ensino fundamental me disse que as nuvens não eram de algodão, que os ventos às vezes erram a direção, e ao mesmo tempo ela me indicou as chaves que abrem essa prisão. Nos dias que se seguiram tudo ficou tão claro, um intervalo na escuridão. E com certeza o que estava por vir, no dia da formatura, seria um momento de embriaguez em meio a um país sedento. 
E o que eu quero dizer com isso tudo?

Quero tentar passar o mesmo recado que eu recebi há 15 anos atrás. Que devemos perseguir nossos sonhos, não devemos nos conformar com uma normalidade aparente, de que universidade é pra rico, livro de pobre é cabo de enxada, dentre outras “verdades” que a gente não se cansa de ouvir, e sim buscar as oportunidades, pois elas existem, e lutar para alcançá-las.

Com isso creio que teremos cada vez mais e mais momentos de embriaguez, fazendo do nosso país um lugar cada vez menos sedento, e assim poderemos entregar aos nossos filhos, e aos filhos de nossos filhos, um país melhor do que aquele em que estamos. E eu tenho a firme convicção de que este caminho, esta mudança, passa obrigatoriamente pelos bancos de escola e pela melhoria na nossa educação.

Se foi isso mesmo que os Engenheiros do Hawaii quiseram dizer? Não sei, nunca procurei uma interpretação formal. Prefiro a minha. Tenho medo de me decepcionar.


quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Educação Ruim trava Desenvolvimento

Vejam notícia abaixo:
http://blogs.estadao.com.br/jt-cidades/educacao-ruim-trava-desenvolvimento/


Subimos uma posição no IDH, de 85º para 84º segundo relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O relatório diz ainda que a educação ruim é um dos maiores responsáveis pelas diferenças sociais.
O nível de educação no país foi comparado ao de países como Gana e Suazilândia, que estão bem mais abaixo no ranking de IDH. A taxa de alfabetização do Brasil continua menor que a dos vizinhos Bolívia, Chile, Argentina e Uruguai.

Ainda há muito o que fazer!