domingo, 11 de dezembro de 2011

Consumismo Desenfreado

Eu não sou anti-americano. Se colocarmos na balança, historicamente foi muito bom para o Brasil ter se aliado aos Estados Unidos da América desde a metade do século XX. Os países que foram contra os EUA estou em pior situação hoje. E com o Brasil não seria diferente. Mas se existe um elemento da cultura americana que foi absorvida pelo povo brasileiro que não em agrada muito é o consumismo desenfreado.

Os EUA montaram o seu carrossel econômico baseado no consumismo. Até hoje em dia, toda a indústria de marketing gira em torno de criar necessidades em potenciais consumidores. O EUA também são o país que mais desperdiçam recursos naturais, um exemplo bem claro disso é seus carros enormes e o fato de que 1/3 do petróleo do mundo é consumido pelos americanos. Para quem já foi num restaurante nos EUA pode confirmar a dificuldade de encontrar uma porção de comida pequena, tudo tem que ser grandioso e conseqüentemente é desperdiçado.

Aqui no Brasil estamos indo na mesma direção. Pagamos hoje preços orbitantes por produtos que no passado era populares.Seguem alguns exemplos: sandálias havainas, camisetas Hering, roupas esportivas Adidas e assim por diante. Outros produtos alimentícios conseguiram se diferenciar do mercado vendendo a imagem de serem saudáveis: iogurtes servem para regular o intestino, água mineral serve para desinchar o corpo. Hoje em dia pagamos o triplo do preço só para carregar chicletes que vem numa embalagem que parece uma cigarreira.

Tome cuidado com o que você vê na TV. Existem vários publicitários que querem fazer com que você gaste o seu dinheiro com o que você não precisa. Ao utilizar as ferramentas de crédito não haja impulsivamente, procure se informar sobre o crédito consciente, pratique o planejamento financeiro e diga não ao consumismo desenfreado. Vai valer a pena!

Se depois destas dicas sobrar um pouco de dinheiro ao final do mês, considere a possibilidade de fazer uma doação para o Fundo Bolsas do Instituo Embraer. Mais detalhes no link abaixo:

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

1 mês de vida

Neste feriado o Só a Educação Salva o Brasil completou um mês de vida. Até agora foram 20 textos publicados, aproximadamente 700 Page Views e algumas poucas pessoas sensibilizadas. Este é só o começo de uma longa jornada de um Brasil melhor. Não deixem de ler o Editorial:

E se vocês concordam com as idéias aqui defendidas, por favor ajudem a divulgar este canal!

Presentes e o peso morto na economia

O ano de 2011 está chegando ao fim, e chegando também estão as festas de fim de ano. Já faz tempo que o sentido religioso do Natal perdeu o sentido para a maioria dos brasileiros. Infelizmente a data deixou de ser apenas uma oportunidade para reunir a família e tornou-se um grande marco comercial. Pinheiros enfeitados, luzes coloridas, meias penduradas na lareira, bonecos de neve e até comer peru na ceia de Natal não passam de tradições importadas de outras culturas e até de outros feriados. A necessidade de se comprar presentes para familiares, amigos, colegas de trabalho e de estudo sobrepõe todas os outros simbolismos originais da data. Acontece que esta imposição gera uma grande perda para a economia. Calma que eu explico.

Vocês já devem ter ouvido falar na lei da oferta e da procura. Numa economia de livre mercado, livre de monopólios ou controle de preços, quem determina o preço de um produto ou serviço são as curvas de oferta e demanda. Simplificando: se muita gente quer comprar uma mercadoria ou serviço e ela está se tornando escassa, o preço sobe; e se pouca gente quer comprar uma mercadoria ou serviço e ela está se tornando saturada no mercado, o preço cai. Nos dois casos o mercado sempre encontra um jeito de achar um ponto de equilíbrio em que todos saem ganhando.

Toda interferência neste equilíbrio gera peso morto (do inglês deadweight loss) na economia. Simplificando: dadas as curvas de oferta e demanda, o dono do cinema consegue determinar um preço da entrada que maximize o seu lucro e de seus concorrentes, ao mesmo tempo, o consumidor também é beneficiado por que se um cinema resolver praticar preços muito altos vai perder freguesia dado o grande número de concorrentes. Resumindo o mercado se auto regula para encontrar um equilíbrio que beneficie fornecedores e consumidores ao mesmo tempo.

Se neste exemplo, o governo determina que os donos de cinema devem cobrar apenas meia entrada de estudantes e idosos, aparentemente este decreto favorecerá estes grupos de consumidores e prejudicará os donos de cinema. Talvez. Mas só a curto prazo. À longo prazo todos sairão perdendo. Neste novo cenário, o dono do cinema vai revisar o preço da entrada do cinema para cima, para não ter prejuízos e ao aumentar o preço da entrada, o número de pessoas que irão ao cinema diminuirá, pois as curvas de oferta e procura buscarão um novo equilíbrio. Um equilíbrio superficial criado por conta da intervenção (meia entrada para estudantes e idosos). Neste exemplo fica bem fácil identificar qual é o peso morto gerado na economia por conta da meia entrada: inflação, pois os preços tiveram que aumentar; menor lucro para os donos de cinemas e menos pessoas assistindo filmes.

É mais do que sabido que a maioria das datas comemorativas que temos hoje foram criadas pelo comércio para arrecadar mais e durante todo o ano: dia dos pais, das mães, crianças, namorados, avôs, avós, aniversários, Páscoa e Natal. Todas estas comemorações foram criadas com uma segunda intenção: que as pessoas comprem produtos, conforme descrito no início deste texto.

No passado, presente era algo que se dava para alguém de bom grado, por exemplo: estava na loja, vi este artigo, lembrei-me de você e acabei te comprando. Hoje em dia, quem possui família grande ou possui muitos amigos se sente na obrigação de comprar presentes em todos as datas comemorativas mencionadas acima. Com a correria de hoje, nem sempre é possível comprar presentes que agradem todo mundo, tanto que a expressão “é só uma lembrancinha” surgiu. 


Meu ponto é que a obrigação de sair comprando presentes a torto e a direito gera uma interferência no mercado, e como toda interferência gera peso morto na economia. Exemplificando: imagine um item de consumo que te interesse, por exemplo um Guiness Book, no entanto o valor percebido deste livro de curiosidades para você seja 20 reais. “Por 20 reais eu compraria um Guiness Book”. Neste caso qual seria a tendência do mercado? Que o preço do Guiness Book chegasse ao valor percebido pelo mercado, o preço de equilíbrio seria bem próximo de 20 reais. Aí vem uma data comemorativa que obriga um amigo seu a te comprar um presente, só que ele não tem muito tempo para ficar pensando num presente para você, ou simplesmente não tem muito jeito para ficar escolhendo presentes para os outros, aí ele lembra que talvez você gostaria de ter um Guiness Book, vai na livraria e paga aproximadamente 100 reais no livro. Vocês percebem que neste caso existem 80 reais de peso morto na economia? Você recebeu um presente de 100 reais por um produto que tem um valor percebido de apenas 20 reais. Teria sido melhor se seu amigo tivesse te dado os 100 reais em dinheiro e você comprasse aquilo que quisesse, com o seu valor percebido das mercadorias, não interferindo na lei da oferta e da procura, não gerando inflação e perda econômica.

Ao invés de gerar pressão inflacionária com presentes que talvez o recebedor nem goste, nem consiga trocar e acabe deixando encostado num canto por que ficou com vergonha de dizer que não gostou, minha proposta é que este dinheiro seja convertido em doações em instituições que invistam na educação, como o Fundo de Bolsas do Instituto Embraer.

Aproveite o espírito do Natal e diga não ao consumismo exacerbado que é incentivado nos dias de hoje. Aplique seu dinheiro em algo que traga algum retorno pra você e para a sociedade. Considere a possibilidade de fazer uma doação para o Fundo Bolsas do Instituo Embraer. Mais detalhes no link abaixo:

http://www.institutoembraer.com.br/

Série Depoimentos

O Só a Educação Salva o Brasil defende que a educação é o principal (se não for o único) meio de transformação social da realidade brasileira. Por isso defendemos que jovens carentes que desejem estudar e se desenvolver tenham esta oportunidade e não desistam no caminho devido os empecilhos financeiros que aparecem. Alinhado com esta idéia, o Só a Educação Salva o Brasil defende iniciativas como o modelo para erradicação da pobreza através de investimentos em educação sugerido pelo Banco Mundial na década de 1990.

Maiores explicações sobre este modelo estão no texto que se encontra no link abaixo:

O Fim da Pobreza

Recentemente foi criado aqui neste blog uma série com depoimentos de jovens que encontram-se ou já passaram por esta situação.

No texto que se encontra no link abaixo, vemos a realidade de um jovem que cursa com dificuldades uma universidade pública:

Uma dura realidade

Já no texto que se encontra no link abaixo temos o depoimento de alguém que passou por estas dificuldades e hoje encontra-se numa posição de destaque no mercado de trabalho, promovendo assim uma transformação na sua realidade e de sua família e tudo graças à dedicação e aos estudos. As identidades dos dois depoimentos foram preservadas.

Sonhos que podemos ter

A mensagem que o Só a Educação Salva o Brasil quer passar aos jovens que estão passando por uma situação parecida é que vejam o exemplo do depoimento acima. E que apesar das dificuldades de agora todo esforço será recompensado. Não desistam que valerá a pena!

Se você está numa situação parecida como a descrita ou passou por dificuldades financeiras durante os estudos mande para este blog o seu depoimento, compartilhe suas experiências.

Uma dura realidade

O Só a Educação Salva o Brasil defende que jovens que precisem trabalhar desde cedo e por conta disso desistem de estudar tenham a mesma oportunidade daqueles que tem. Para aqueles que tem dificuldade financeira, até mesmo cursar uma universidade pública é difícil. Vejam este depoimento de um bolsista do Instituto Embraer (http://www.institutoembraer.com.br/):

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O primeiro semestre da faculdade talvez seja um dos mais difíceis, não pelo conteúdo das disciplinas, mas pela adaptação. Morar em uma cidade diferente, sem sua família, organizar suas contas (e pagá-las no prazo) e comprar sua comida. Você passa a depender de você, e aquele sonho da independência, tão sonhada pela maioria dos adolescentes, se mostra atrelada a uma responsabilidade antes inimaginável. Pra mim não foi diferente, sempre fui muito responsável, mas foi um semestre difícil.

Realmente percebi que é isso que quero pra mim, estou gostando muito da minha Universidade. No primeiro semestre minhas notas foram razoáveis, digo isso por que não chegaram no quanto eu estabeleci como padrão pra mim. Mesmo amando as matérias elas carecem de muito estudo, e era difícil estudar. Não havia foco, estava sempre preocupada com problemas com a casa onde estava morando, ainda tinha medo de São Paulo, ficava correndo atrás de papeladas e tava com vários probleminhas de saúde.

Moro numa casa bem pequena e velhinha, mas é bem próxima da Universidade, o que ajuda muito na questão de organizar e administrar o tempo e também na segurança no caos que é a cidade onde vivo. Nessa casa moram eu e mais dois estudantes, antes eram três, mas uma garota saiu da casa, outra coisa que também trouxe dores de cabeça. Todo o dinheiro é bem contadinho, a parte para alimentação, a da viagem para ver meus pais em alguns finais de semana e a maior parte para moradia. Quando uma das meninas saiu o aluguel e as contas passou a ser dividido em três, ao invés de quatro, e as despesas aumentaram!

De início foi difícil fazer amizades, digo amizades mesmo e não interações com colega de classe. A universidade é lotada de garotas e garotos ricos, que não dão valor ao muito que tem, e normalmente tem muito interesses com as "amizades". Era estranho demais ficar ouvindo as garotas falarem de esmalte para a unha de quarenta dólares e das marcas de sapato que elas compraram na última viagem. 

Me faziam umas perguntas que quando eu contava pra minha família a única coisa que agente podia fazer era rir. Coisas do tipo : "Eu ouvi você dizendo que tá com uns problemas de moradia, vi um apartamento vendendo aqui bem perto por cento e trinta mil, por que você não fala pros seus pai comprarem pra você?", ou "Você gosta tanto desta banda, por que você não foi ao show?". É realmente estranho como as pessoas não entendem o que é não ter dinheiro!

Nesse início de semestre as coisas estão bem melhores pra mim no quesito rotina, estudo para as provas, vou caminhar, ás vezes faço feira, almoço no refeitório da universidade e estudo inglês autonomamente.

Dessa rotina a parte de que aborrece, mas to superando é a parte de estudar inglês sozinha. Durante o semestre passado passei bem apertado e com ajuda da minha mãe pra conseguir juntar, durante cinco meses, quinhentos reais. Esse dinheiro seria pra pagar um semestre de um curso de inglês popular que tem aqui na faculdade, quando cheguei pra me matricular, com os quinhentos reais em mão que juntei, descobri que a apostila custava mais cento e noventa e não pude fazer o curso.

Está aí uma dificuldade de acesso aos estudantes sem recursos. Como competir no mercado de trabalho com um colega de classe que fala cinco idiomas, faz milhares de cursos na área de biológicas e viaja sempre pra reservas ecológicas do mundo todo? Como fazer pra comprar livros que custam mais de duzentos reais, e todos que a biblioteca tem são em inglês... Como estudar assim? Até mesmo estudar em uma universidade pública tem seu preço.

Uma coisa que sempre tenho em mente é que estou procurando forças pra fugir da tal herança social, um conjunto de forças que a sociedade naturalmente te impõe pra você seguir na mesma direção dos seu pais. Meus pais queriam estudar,mas não puderam, eu estou tendo esta chance. Uma pessoa sem grana na faculdade pública é raro, mesmo, talvez as pessoas realmente não entendam isso, a ajuda que recebemos dá a bagagem e a chance pra podermos estar lá, mudando a nossa história e a da nossa família.

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Este depoimento foi um dos motivadores da criação deste blog. É por histórias como esta que o Só a Educação Salva o Brasil defende maior investimento em educação, e de preferência em modelos comprovadamente eficazes como o sugerido pelo Banco Mundial para a erradicação da pobreza através da educação, modelo adotado pelo Fundo de Bolsas do Instituto Embraer.

Se você concorda com estas idéias ajude a divulgar este canal.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Educadores do Brasil – Anália Franco

Educadores do Brasil é uma série de textos que descreve um breve histórico de vida e obra de brasileiros que fizeram a diferença na história da educação no país.
Anália Emília Franco (Anália Franco Bastos após o casamento) (1856-1919) nasceu em Resende – RJ, e mudou-se para São Paulo em 1861. Em 1868, com 15 anos de idade, já ajudava sua mãe, que era professora, em colégios de Guaratinguetá, Jacareí e Arraial de Minas. Em 1872 foi aprovada num Concurso de Câmara, passando a trabalhar oficialmente como assistente de sua mãe. Retoma os estudos em 1877 e em 1878 forma-se professora na Escola Normal Secundária de São Paulo. Em 1888 é nomeada professora pública, após exame prestado. Mas Anália Franco não se restringiu ao magistério.

Quando descobriu que as crianças filhas de escravas estavam a ser encaminhados à Santa Casa de Misericórdia, dado que após a Lei do Ventre Livre (1871) as tornara livres, Anália Franco largou seu cargo de professora na capital e se mudou para o interior com o intuito de socorrer estas crianças abandonadas.

Uma fazendeira ofereceu uma casa para instalar uma escola primária no interior, só que a fazendeira lhe impôs a condição de segregação entre crianças brancas e afro-descendentes com o intuito de evitar promiscuidade para a cessão gratuita do imóvel. Anália considerou aquilo uma afronta e recusou terminantemente. Após este evento voltou para a cidade, alugou uma velha casa, consumindo com essa despesa a metade do seu salário. Como o restante era insuficiente para a alimentação das crianças, não hesitou em ir pessoalmente pedir esmolas para prover as crianças, que referia carinhosamente em seus escritos como os "meus alunos sem mães". Numa folha local anunciou que, ao lado da escola pública, havia um pequeno "abrigo" para as crianças desamparadas. Embora essas práticas chocassem o setor conservador da cidade, Anália obteve o apoio de um grupo de abolicionistas e republicanos.

Desse modo, ao longo do tempo, implantou algumas escolas maternais no interior do estado e na capital paulista, ainda com o apoio do grupo abolicionista e republicano. O seu prestígio no seio do professorado já era grande quando finalmente foi decretada a abolição da escravatura (1888) e a República (1889). O advento dessa nova era encontrou Anália com dois grandes colégios gratuitos para meninas e meninos.

A preocupação de Anália Franco com a educação e profissionalização da mulher teve, também sem sombra de dúvida, um caráter pioneiro. Ao se preocupar com a educação e a profissionalização da mulher, sentiu também a necessidade de criar albergues para as crianças enquanto suas mães trabalhavam. Foi, portanto a primeira educadora a utilizar termos como creches e escolas maternais para denominar suas instituições destinadas à infância.

Pouco depois, com o apoio de vinte senhoras, fundou o instituto educacional que se denominou Associação Feminina Beneficente e Instrutiva. A Associação Feminina mantinha ainda um bazar para a venda dos artefatos produzidos nas suas oficinas.

Em seguida criou várias "Escolas Maternais" e "Escolas Elementares", instalando, com inauguração solene a 25 de janeiro de 1902, o "Liceu Feminino", destinado a instruir e preparar professoras para a direção daquelas escolas, com o curso de dois anos para as professoras de "Escolas Maternais" e de três anos para as de "Escolas Elementares".

O Pensamento da educadora pode ser resumido por certos pressupostos como a valorização da formação do professor de educação infantil, orientado para a busca do desenvolvimento da criança. Anália define a escola maternal não como uma escola no sentido restrito, mas como a transição da família para a escola, uma organização que tem como objetivo a educação dos sentidos, o desenvolvimento intelectual, a aquisição de hábitos e o atendimento das diferenças individuais

Em 1911 recebeu como doação a Chácara Paraíso, 75 alqueires de terra na zona leste de São Paulo. Nesse espaço fundou a Colônia Regeneradora D. Romualdo, aproveitando o casarão, a estrebaria e a antiga senzala, internando ali sob direção feminina, os rapazes mais aptos para a agricultura, a horticultura e outras atividades agropastoris, recolhendo ainda moças desviadas, conseguindo assim regenerar centenas de mulheres. Hoje o casarão abriga uma universidade e a Chácara Paraíso tornou-se um dos bairros mais aconchegantes de São Paulo, o Jardim Anália Franco.

Ao final da vida, Anália Franco constituiu 71 Escolas, 2 albergues, 1 colônia regeneradora para mulheres, 23 asilos para crianças órfãs, 1 Banda Musical Feminina, 1 orquestra, 1 Grupo Dramático, além de oficinas para manufatura em 24 cidades do interior e da capital.

Veio a falecer de gripe espanhola em 1919. Anália Franco tinha como meta a erradicação do analfabetismo, do preconceito, da injustiça; o combate a miséria e a pobreza. Teve uma vida exemplar e sua dedicação à educação e a inclusão social deve ser lembrada e servir de exemplo para todos os paulistanos, paulistas e brasileiros. Segue abaixo duas de suas principais citações:

“Não há vida feliz, individual ou coletiva sem ideal...”
“A verdadeira caridade não é acolher o desprotegido, mas promover-lhe a capacidade de se libertar.”
Anália Franco

Referências
Anália Franco

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Sonhos que podemos ter

O Só a Educação Salva o Brasil defende que jovens que precisem trabalhar desde cedo e por conta disso desistem de estudar tenham a mesma oportunidade daqueles que tem. Alinhado com esta idéia, segue o depoimento de um ex-estudante para reflexão.

Um dia desses eu ouvi uma música que há muito eu não ouvia e que me fez recordar os preparativos para a minha formatura, lá pelo final de 2002. Os colegas estavam preparando uma lista de músicas para tocar no momento que cada um de nós fosse receber o diploma.

Música? Tem isso? Indaguei surpreso, na posição de alguém que pela primeira vez na vida iria a uma cerimônia de formatura e esta seria logo a sua própria.
Na busca por uma música que pudesse resumir o que eu sentia naquele momento que eu estava vivendo, comecei então a relembrar todo o caminho que me conduzira até àquele momento.

Recordei-me que após concluir o segundo grau eu estava conformado com o meu emprego atrás do balcão de uma loja, tentando guardar dinheiro para comprar uma moto, ou quem sabe um fusquinha velho, e esperando o tempo necessário para tirar habilitação para dirigir carreta, seguindo a mesma sina de vários colegas da época, que pegavam a estrada para tentar ganhar a vida e alguns deles acabaram na estrada mesmo perdendo-a.

Um certo dia, lembro como se fosse hoje, no mês de setembro encontrei com minha professora de Língua Portuguesa da 7ª série. Questionadora e instigando-nos a pensar como nos tempos de sala de aula, ela perguntou como andava a vida e, antes mesmo que eu terminasse de responder, ela me pregou um belo sermão. De que não deveríamos aceitar a situação como se fosse um sistema de castas, com um destino traçado e imutável, que haviam várias oportunidades e que deveríamos ir atrás, lutar pelo que é nosso por direito. Aí ela me apontou uma direção, falando de algumas universidades públicas e seus programas de assistência estudantil, mas que uma decisão daquelas exigiria muito esforço e renúncia.

Aquilo me deixou intrigado, conversei com meus pais, operários humildes e de baixa escolaridade, mas de retidão moral e dotados de valores que hoje em dia estão caindo em desuso, e eles me deram o que de melhor eles podiam me dar naquele momento. Apoio.

Alguns meses depois eu estava já arrumando um lugarzinho para o meu colchão no alojamento temporário da moradia estudantil da universidade, esperando a minha vaga. Foi um longo semestre dividindo o mesmo ambiente com 200 pessoas, numa cena que mais parecia um alojamento de desabrigados de uma catástrofe natural. Como eu ficava mais próximo das janelas quebradas, teve dia que acordei com geada sobre o cobertor, até o dia que saiu a vaga na Casa do Estudante Universitário, assim saímos do purgatório e fomos para a CEU, um local que, apesar de sua aparência externa e sua infra-estrutura por vezes precária, era uma fábrica que ajudava a produzir mais de 200 sonhos por ano. Quando imaginava que as dificuldades acabaram, não tinha noção de que elas estavam apenas começando a aparecer.

Mas e a música?
Escolhi “Somos quem podemos ser”, dos Engenheiros do Hawaii.

Por quê?
Porque um dia aquela professora do ensino fundamental me disse que as nuvens não eram de algodão, que os ventos às vezes erram a direção, e ao mesmo tempo ela me indicou as chaves que abrem essa prisão. Nos dias que se seguiram tudo ficou tão claro, um intervalo na escuridão. E com certeza o que estava por vir, no dia da formatura, seria um momento de embriaguez em meio a um país sedento. 
E o que eu quero dizer com isso tudo?

Quero tentar passar o mesmo recado que eu recebi há 15 anos atrás. Que devemos perseguir nossos sonhos, não devemos nos conformar com uma normalidade aparente, de que universidade é pra rico, livro de pobre é cabo de enxada, dentre outras “verdades” que a gente não se cansa de ouvir, e sim buscar as oportunidades, pois elas existem, e lutar para alcançá-las.

Com isso creio que teremos cada vez mais e mais momentos de embriaguez, fazendo do nosso país um lugar cada vez menos sedento, e assim poderemos entregar aos nossos filhos, e aos filhos de nossos filhos, um país melhor do que aquele em que estamos. E eu tenho a firme convicção de que este caminho, esta mudança, passa obrigatoriamente pelos bancos de escola e pela melhoria na nossa educação.

Se foi isso mesmo que os Engenheiros do Hawaii quiseram dizer? Não sei, nunca procurei uma interpretação formal. Prefiro a minha. Tenho medo de me decepcionar.


quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Educação Ruim trava Desenvolvimento

Vejam notícia abaixo:
http://blogs.estadao.com.br/jt-cidades/educacao-ruim-trava-desenvolvimento/


Subimos uma posição no IDH, de 85º para 84º segundo relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O relatório diz ainda que a educação ruim é um dos maiores responsáveis pelas diferenças sociais.
O nível de educação no país foi comparado ao de países como Gana e Suazilândia, que estão bem mais abaixo no ranking de IDH. A taxa de alfabetização do Brasil continua menor que a dos vizinhos Bolívia, Chile, Argentina e Uruguai.

Ainda há muito o que fazer!

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Distorções na relação Estudante x Instituição de Ensino x Mercado de Trabalho

Apesar de não ter freqüentado cursos de Administração, Gestão de Negócios ou similares, o fato de trabalhar em empresas da iniciativa privada, que pela essência do capitalismo são orientadas pela obtenção de lucros, e de ser cobrado por resultados, faz com que tenhamos uma certa noção a respeito do tema. Isto nos permite fazer certas análises, e faz com que possamos ver algumas coisas por uma ótica diferente.

Baseado nisso, gostaria de fazer alguns paralelos.

A padaria do seu bairro, qual o seu produto? O que ela vende?
Pãozinho? Correto.
E quem são seus clientes?
Quem compra o pãozinho no balcão da padaria? Correto.
Quem paga pelo pãozinho é o cliente, e enquanto este sujeito estiver satisfeito, suas necessidades sejam atendidas ou até superadas, ele continuará a comprar pãozinho, garantindo a lucratividade da padaria e o futuro do negócio.

Uma empresa que fabrica ônibus, qual o seu produto? O que ela vende?
Ônibus? Correto.
E quem são seus clientes?
Os passageiros? Errado.
Apesar de serem usuários finais e desfrutarem dos predicados ou sofrerem com os defeitos do produto da fábrica de ônibus, o cliente da fábrica é a empresa de ônibus.
Quem paga pelo ônibus é a empresa de ônibus, porém o fabricante deve estar preocupado não apenas com o seu cliente direto, mas também com o usuário final do seu produto, que é o passageiro, o cliente do seu cliente. Desta forma, se a empresa de ônibus prospera, ela volta a comprar mais ônibus, garantindo a lucratividade e a manutenção do negócio do fabricante.

Parece complicado? Então vamos ao próximo cenário.
Uma escola técnica, um curso profissionalizante, ou uma universidade, qual o seu produto?
Diplomas? Certificados? Errado.
E quem são seus clientes?
Os estudantes, que buscam as salas de aula dessas instituições para obter seus certificados e poder se lançar ao mercado de trabalho? Errado.

Aqui neste ponto eu tenho a impressão de que há uma inversão de valores.
No meu entendimento, o produto dessas instituições não são os diplomas, mas os profissionais formados por ela, e seus clientes na verdade são as empresas, é o mercado de trabalho. Os estudantes são a matéria-prima, que a escola vai transformar, agregar valor, até obter o produto final.

Um produto bom é um profissional qualificado. Se a instituição fornecer um produto bom, de qualidade, o mercado de trabalho gosta, e volta pedindo por mais produtos, à procura de mais profissionais egressos destas instituições. A reputação das instituições chama a atenção dos estudantes e estes a procuram em busca de formação, qualificação, fechando o ciclo.

Então, para garantir a manutenção do negócio destas escolas elas precisam ter o foco no mercado, analisar o que os clientes buscam, quais suas necessidades e anseios para então atrair mais estudantes e fazer a roda girar. O trabalho da escola não deveria acabar no momento em que o formando recebe o seu diploma, é necessário um trabalho de identificação da resposta do mercado ao seu produto, uma espécie de pós-vendas, para saber se está na direção correta ou não.

Uma pergunta que eu sempre fiz é, porque tem tanto engenheiro trabalhando no mercado financeiro, uma área onde deveriam reinar economistas, contadores e administradores de empresas?

Bem, a resposta que eu sempre ouvi foi a de que os engenheiros teriam mais habilidade para lidar com números, análises de cenários e tomadas de decisão. Mas no meu entendimento existem pelo menos outras duas respostas para esta pergunta.

A primeira delas é que as escolas de engenharia não estão sabendo adequar o seu volume de produção à demanda do mercado, como se o padeiro produzisse mais pãezinhos do que a vizinhança está consumindo. Resultado disso é que o pãozinho acaba sendo reciclado, põe um recheio, uma cobertura, serve gelado, tenta dar outro sabor, mas no fundo é um pãozinho.

A segunda alternativa é que as escolas de economia, contabilidade e administração não estão sabendo ouvir o que o mercado está pedindo, o cliente pede pão com gergelim mas na hora que sai a fornada vai lá e só encontra o mesmo pãozinho de sempre.

Outra pergunta, porque o índice de aprovação no exame da OAB é tão baixo?

É como se um cliente exigente chegasse na padaria e dissesse, eu compro toda a sua produção, pago o preço que for, mas os pães têm que ser clarinhos, não podem passar do ponto. O problema é que o nosso padeiro tem um forno a lenha e com o termômetro quebrado, ele só tira uma fornada quando começa a sentir o cheiro de pão queimado. Aí ele começa a separar os pães claros dos assados no ponto e dos queimados. Resultado disso, aquele cliente exigente chega com o caminhão para buscar a produção e acaba levando só meia dúzia. Uma outra porção de pães, aqueles que ficaram assados no ponto ainda acabam tendo colocação no mercado, para o cliente comum, a um preço irrisório. Mas a maioria dos pães está queimada e não têm valor comercial.

Imagine então o dia em que o padeiro resfriado, com o nariz entupido não sente o cheiro do pão assado. Para onde irá a produção dele?

Nos três exemplos do pãozinho, se o padeiro não se adequasse àquilo que o mercado está pedindo seu negócio estaria fadado a ruir. Agora vamos imaginar uma situação em que quem paga a conta do pãozinho não é o cliente que vem comprar no balcão, esse chega leva e não dá satisfação, o padeiro não está preocupado porque na verdade quem paga toda a despesa da padaria e ainda garante o seu lucro no negócio é o fornecedor de matéria-prima. Todo dia chega um caminhão de farinha, descarrega na padaria e vai pagando a conta do pãozinho enquanto a massa é preparada e assada, o pãozinho fica 15 minutos no balcão e se ninguém levar é jogado fora, porque a próxima fornada está vindo, paga pelo outro fornecedor de farinha.

Parece absurdo? Pois é, mas enquanto o estudante farinha paga a conta da universidade padaria e garante seus lucros, e o padeiro não se preocupa em assar o pão de acordo com o que o cliente mercado de trabalho está pedindo, quem leva o prejuízo é o pãozinho.

Mas como equacionar este problema? Difícil. Tentei imaginar 3 pontos:
- Metodologias de avaliação das instituições, de forma isenta, imparcial e objetiva, seja através de exames dos conselhos e entidades de classe, provões de final de curso ou outras formas, desde que bem estruturadas e unificadas permitindo a atribuição de notas e elaboração de rankings seriam uma medição da qualidade da formação profissional.

- Agências regulatórias e fiscalizadoras, como foi pensado para outros serviços básicos como telecomunicações, saúde, transportes, etc., mas com poder de fiscalização e regulação de fato, e eficiência em suas ações, viriam a auxiliar na elevação dos níveis de qualidade das instituições.

- Convênios e associações entre instituições de ensino e empresas aproximariam o cliente do fornecedor, porém na maioria das vezes essa associações dependem de um catalisador externo, papel na maioria das vezes do poder público através de seus institutos de fomento. O problema é que muitas vezes a liberação de recursos para investimento em pesquisa e desenvolvimento, por passar longe dos pilares de prioridades dos governos, acaba esbarrando em entraves burocráticos, tornando-se processos morosos e incertos, sendo que na maioria das vezes as empresas interessadas nesses convênios, devido à competitividade do mercado, não conseguem absorver os prazos dilatados e o nível de incerteza desses pedidos de financiamento e acabam buscando soluções tecnológicas prontas ou convênios com empresas e governos de outros países, transferindo a geração de conhecimento, e todos os benefícios que isso proporciona, para fora de nossas fronteiras.

Polícia na Universidade

Sobre os recentes acontecimentos na Universidade de São Paulo, gostaríamos de suscitar os seguintes pontos para a reflexão:
Que distorção de valores é esta, onde policiais exercendo sua função apropriadamente é uma coisa ruim?

Que distorção de valores é esta, onde uma minoria não representativa que teoricamente clama por liberdade pratique depredação e vandalismo?

Que distorção de valores é esta, onde uma minoria não representativa que teoricamente clama por igualdade deseja ter tratamento diferenciado dos demais só por estar dentro do campus?

Que distorção de valores é esta, onde uma minoria não representativa que teoricamente clama por fraternidade impede que seus colegas, uma maioria representativa porém não organizada, estudem?

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Por quê Educação? Uma perspectiva biológico-evolutiva

Na evolução, todo animal que é selecionado para continuar povoando o planeta se diferenciou dos outros por que desenvolveu alguma característica ou habilidade que aumentou as suas chances de sobrevivência. Podemos citar como exemplo a visão noturna da coruja, o olfato e audição aguçados do cachorro, a habilidade de caçar dos felinos, o sonar dos morcegos e assim por diante. Pode parecer óbvio, mas se um animal possui uma habilidade que o diferencia dos demais e não a usa ele diminui suas chances de sobrevivência. Se uma coruja não usa a sua visão noturna ela vira um alvo fácil para seus predadores. No caso do ser humano a habilidade que nos diferenciais dos demais animais é a capacidade intelectual.

Capacidade intelectual é a capacidade de um autômato de inferir os padrões com os quais interage e usar tais impressões para aumentar sua capacidade de interação com o ambiente e de assimilação de padrões.

Quando duas ou mais grandezas comprovadamente possuem alta correlação, um padrão se estabelece. Eventualmente duas grandezas podem ter alta correlação, mas se esta não for comprovada não temos um padrão e sim uma coincidência. Sempre que alguém dá cabo a uma coincidência sem antes averiguar se a correlação entre as grandezas é real está agindo contra ao desenvolvimento da humanidade.

Ao conjunto de padrões conhecidos damos o nome de conhecimento e para facilitar a nossa vida, dividimos o conhecimento humano em subgrupos chamados campos do conhecimento. Alguns exemplos de campos do conhecimento são a matemática, história, geografia, física, química, engenharia, economia, medicina e assim por diante.

Sempre que alguém infere um padrão, ele só fará parte do conhecimento humano se o mesmo for compartilhado e a única maneira de fazer isso é através da comunicação. Para se comunicar com outra pessoa é necessário usar uma linguagem. Existem vários tipos de linguagem, mas para simplificar vamos dividi-la em dois grupos: a linguagem objetiva e a linguagem subjetiva.

A linguagem objetiva é precisa, portanto não são admitidos erros de interpretação. Como exemplo, podemos citar a linguagem matemática. Como sugere a própria definição e pode ser facilmente demonstrado, tal linguagem é inerentemente exata e a mensagem transmitida é exatamente a mensagem recebida.

Sempre que alguém utiliza a linguagem objetiva está colaborando para expandir os campos de conhecimentos científicos. Ciência é a atividade de transmissão de padrões em linguagem objetiva.
A linguagem subjetiva é imprecisa, portanto existe uma perda entre a mensagem transmitida e a mensagem interpretada. Como exemplo, podemos citar as linguagens visuais e auditivas. Como sugere a própria definição e pode ser facilmente demonstrado, tais linguagens são inerentemente passíveis de interpretações diversas. Também são conhecidas como linguagens não-matemáticas.

Sempre que alguém utiliza a linguagem subjetiva está colaborando para expandir os campos de conhecimentos artísticos. Arte é a atividade de transmissão de padrões em linguagem subjetiva.

Como comprovado anteriormente, a vida para os seres humanos não faz sentido sem que se utilize a capacidade intelectual, e as duas formas válidas de usar a capacidade intelectual são através do estudo das ciências e das artes. Pois bem, é na escola em que as crianças e jovens tem contato com os campos de conhecimento científicos e artísticos, portanto podemos concluir:

“A vida não faz sentido sem uma Educação Básica de qualidade.”

Agora com o intuito de testar a validade desta afirmação, vamos fazer um exercício mental e ver o que acontece com quem não possui uma educação básica de qualidade.

A Educação Básica no Brasil consiste da educação infantil, a educação fundamental e o ensino médio. A educação infantil consiste de creches, crianças de 0 a 3 anos; e da pré-escola, crianças de 4 a 5 anos. A educação infantil consiste de nove séries, crianças de 6 a 14 anos. E o Ensino médio consiste de séries, com jovens de 15 a 17 anos. A partir do final do Ensino Básico, os jovens possuem diversas oportunidades de escolha como o ensino profissionalizante, o ensino superior, o empreendedorismo, carreira nas forças armadas, e assim por diante.

Os objetivos do Ensino Básico são a alfabetização, o letramento e a introdução ao estudo dos campos de conhecimentos básicos como língua portuguesa, matemática, física, química, história, geografia, artes e esportes.

Uma vez que uma criança não tenha acesso a um ensino básico de qualidade resultará num adulto com deficiências de aprendizado nestas áreas, vamos a alguns exemplos das possíveis conseqüências:

Um adulto que não tenha sido alfabetizado não é capaz de sozinho fazer tarefas simples como operar um aparelho micro-ondas, fazer uma ligação telefônica, fazer o sinal para o ônibus certo parar.

Um adulto que mesmo alfabetizado, mas iletrado não será capaz de exprimir suas idéias de forma clara, tampouco entender as idéias que lhe são passadas.

Um adulto que teve deficiência de aprendizado em matemática precisará usar uma calculadora para somar dois mais três antes de pagar uma conta, e mesmo assim correrá o risco de ser enganado por um feirante.

Um adulto que nunca tenha praticado esporte dificilmente entenderá que tanto na vida, aquele que mais se dedica vencerá. Um adulto que nunca tenha praticado esportes coletivos dificilmente entenderá que para um time vencer é preciso ter espírito de equipe, que é normal que cada um tenha uma função diferente, e se todos fizerem bem a sua função a equipe toda atinge o objetivo comum.

Um adulto que nunca tenha tido acesso à arte, como ouvir música de boa qualidade, ler os clássicos da literatura e ver quadros que foram eternizados no decorrer da história, nunca abrirá sua percepção para as verdades da vida, só aprenderá o que sentir na própria pele.

Resumindo, uma criança que não tiver acesso a um ensino básico de qualidade não será capaz de interagir com os outros e com o meio onde se encontra. Um ser humano que possua perfeitas condições de interagir com as outras e com o meio, mas não o faz não passa de um fardo para a sociedade, biológico-evolutivamente sua vida não faz sentido. Conforme queríamos demonstrar.

Por quê Educação? Uma perspectiva sócio-financeira

Atualmente é grande o número de crianças com dificuldade de aprendizado em matemática, o Brasil é o país de maior taxa de juros do mundo e é sabido ainda que grande parte da população brasileira está endividada.

Para tentar explicar a relação entre estes três fatores vou usar a frase de um autor desconhecido que eu gosto bastante:
Existem dois tipos de pessoas, as que entenderam e as que não entenderam os juros compostos. As que entenderam, provavelmente estão desfrutando dos rendimentos de seus investimentos de longo prazo. As que não entenderam, provavelmente estão pagando o enorme ônus de seus financiamentos de longo prazo.

Por não entender como funciona a conta dos juros compostos, as pessoas apenas se preocupam se a parcela de um determinado financiamento cabe no orçamento ou não, não se importando com o montante total pago pelo produto ou serviço.

Portanto, a conclusão é que a deficiência de aprendizado em matemática, aliado com os altos juros do país tem agravado um grande problema na nossa sociedade: as empresas que mais dão lucro no país são as que exploram recursos naturais (commodities), depois vês as instituições financeiras e só depois as empresas que manufaturam algum produto com valor agregado. As empresas que produzem ganham muito menos que aquelas que apenas especulam, isso é um grande obstáculo para o desenvolvimento do país.

De forma alguma quero diminuir a importância das instituições financeiras que são essenciais na economia. Mas me irrita muito ver instituições financeiras oferecendo empréstimos de 8 anos para se comprar um carro, empréstimos de 30 anos para comprar uma casa, empréstimos de 5 anos para se pagar os armários da cozinha. Chega a ser irresponsável e inescrupuloso. Sob a bandeira de que graças e eles as populações de baixa renda passam a ter acesso aos confortos da vida moderna, eles se aproveitam da ignorância da população para alavancar mais ainda seus estrondosos lucros.

Enquanto os meios especulativos forem mais rentáveis que os meios de produção o país não avançará. E para reverter esta situação, basta diminuir as crianças com deficiência de aprendizado em matemática, sendo mais específico ainda, as pessoas tem que entender as conseqüências dos juros compostos.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Escândalo no ENEM 2011

Segue link das notícias:
Polícia Federal instaura inquérito para investigar vazamento no Enem 2011

Enem: prova teria vazado no CE; MPF quer anulação do exame

Insatisfeito com o MEC, procurador da República pedirá anulação do Enem 2011
http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/insatisfeito-com-o-mec-procurador-da-republica-pedira-anulacao-do-enem-2011
Só pra mostrar que ainda falta consertar muita coisa no nosso país. Por isso apoiamos a destinação de parte dos royalties do petróleo da camada pré-sal para a Educação.

domingo, 23 de outubro de 2011

Riquezas Naturais e a Educação

Na década de 70 o Chile do ditador Pinochet começou a explorar o cobre da Cordilheira dos Andes e encheu o rabo de dinheiro. Na época o ditador resolveu investir o dinheiro nas forças armadas, hoje em dia o Chile possui uma das melhores forças armadas da América do Sul, tudo isso custeado com a renda do minério de cobre.

Ainda na América do Sul, temos a Venezuela cheia de petróleo, e seu “ditador” resolveu usar o dinheiro para financiar governos de esquerda na América Latina e “peitar” os Estados Unidos.

A Noruega também possui petróleo às tubas, mas percebeu que um dia a fonte vai secar e está se preparando para isso, grande parte dinheiro arrecadado com a exploração do petróleo é destinado para um fundo de longo prazo, que provavelmente vai garantir que o país mantenha a primeira posição no ranking de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) no mundo.

Já os países árabes que possuem muito petróleo estão usando o dinheiro para construir palácios para os xeiques e investir um pouco em turismo de alto padrão. Provavelmente esta iniciativa irá garantir um pouco de luxo para os xeiques quando a fonte de óleo negro secar. Alguns países árabes decidiram ainda usar o dinheiro do petróleo para financiar guerras religiosas sem fim.

Um país que ainda não entendi é a Nigéria. O país nada em petróleo, diamantes e favelas. Existe algo de muito errado na Nigéria.

O Brasil recentemente descobriu enormes quantias de petróleo na camada pré-sal. A quantidade de dinheiro decorrente destas descobertas será equivale a um mendigo ganhar sozinho na loteria acumulada. Chegamos enfim numa encruzilhada onde devemos decidir que caminho tomar: o caminho da Noruega, da Venezuela, do Chile, da Arábia Saudita ou aproveitaremos esta chance de ouro para melhorar alguma coisa.

Faz algum tempo, mas nas minhas primeiras aulas de história lá no Belenzinho em São Paulo, me lembro que depois do descobrimento, os portugueses começaram a saquear as riquezas naturais do Brasil como o pau-brasil, cana-de-açúcar, ouro e pedras preciosas. Em troca dava aos índios que lá estavam artigos fúteis como espelhos, escovas, roupas velhas e assim por diante.

Pois eu acho que o que acontece hoje no país não é muito diferente. Exportamos petróleo, minério de ferro e soja. Em troca, conseguimos smartphones, tablets, Nintendos Wii e Playstations.

Se quisermos dar o passo definitivo para resolver os problemas do país deveríamos aproveitar o bilhete premiado para investir em educação.

Infelizmente o nosso governo aumenta seu tamanho de acordo com o poder de arrecadação: quanto mais arrecada, mais a máquina do estado cresce. E atualmente temos visto uma verdadeira guerra pela disputa dos royallites do petróleo em Brasília. Do jeito que as coisas andam jogaremos mais uma chance de ouro pelo buraco.